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Em 2021 realizamos o piloto da “Escola de Fotógrafos Cegos”: “Câmera Obscura”. E orientamos duas pessoas cegas a fotografar: os artistas João Bafo e Janaína Reis. Os ensaios foram publicados no site da associação SOCA. Percebemos que era perfeitamente possível pessoas cegas participares da produção de imagens no mundo contemporâneo. Nos empenhamos na elaboração de um projeto maior: a Escola de Fotógrafos Cegos, afim de promover o reconhecimento destes artistas, para que possam ser olhados com curiosidade e interesse, por trazerem à tona uma evidência: o olhar é outra coisa! Cegos olham e imprimem o mundo, produzem imagem. Isto pode trazer desconcerto. É interessante perceber que eles olham. E olham muitas vezes melhor do que nós, videntes, que temos olhos funcionais. 
 

Realizamos a primeira edição da E.F.C. com o patrocínio da ES Gás (Grupo Energisa) através da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC). Foram doze alunos cegos-total, da Grande Vitória, a maior parte residente em bairros periféricos e situação de vulnerabilidade social, em um curso de oito meses, abordando questões técnicas, estéticas, conceituais e vivenciais do ato e composição fotográfica. O grupo de artistas-pedagogos integrantes da Poéticas muniu-se do diálogo com diferentes estéticas da Fotografia Contemporânea, para introduzir uma metodologia própria, construída em investigação continuada desde 2015 e aprofundada durante o curso. Esta primeira edição foi chamada “Escola de Fotógrafos Cegos e Exposição ‘Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto’” foi realizada de julho de 2022 a junho de 2023 e consolidou o coletivo inédito de 12 fotógrafos cegos, com a primeira coletiva de obras: “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto”, em cartaz no Parque Moscoso em Vitória (ES) durante um mês.

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